Nesta semana, algo lindo é comemorado por milhões de pessoas no mundo. E, como eu valorizo muito essas coisas, não poderia deixar de reservar um espacinho para refletir sobre isso. Sabe do que estou falando?
A comemoração é o Thanksgiving e o #MomentoPréSal de hoje é sobre a gratidão.
Em toda quarta quinta-feira do mês de novembro, os Estados Unidos param para um dos maiores feriados do ano – tão grande quanto o Natal e o Ano Novo. Trata-se do Thanksgiving Day ou Dia de Ação de Graças em português.
A origem do Thanksgiving
Tudo começou em setembro de 1620 quando “um navio chamado Mayflower saiu de Plymouth, na Inglaterra, com 102 passageiros. Os viajantes eram separatistas religiosos que buscavam um novo lar onde poderiam praticar a religião em paz e, após 66 dias de viagem, chegaram ao novo mundo. Os Pilgrims – ou Peregrinos como vieram a ser chamados – atracaram no atual estado de Massachussetts e começaram a trabalhar em criar a nova colônia de Plymouth. O problema é que chegaram no meio do inverno brutal da América do Norte e mais ou menos metade dos viajantes morreram de fome ou doenças contagiosas. Quando chegou a primavera, os Pilgrims que sobraram foram recepcionados amigavelmente por nativos da tribo Abenaki. Alguns dias mais tarde, outro Índio, o Swanto da tribo Pawtuxet, cumprimentou os Pilgrims em Inglês e assim começou uma amizade notável entre Europeus e Índios. Swanto e os Pawtuxet ensinaram aos Pilgrims como plantar e colher plantas nativas, extrair líquido das árvores, pescar nos rios e caçar perus selvagens. Um ano mais tarde, em novembro de 1621, quando a colheita se provou bem-sucedida e a população de Pilgrims já tinha se recuperado da fome e das doenças, o governador William Bradford organizou um grande banquete para os Nativos e os novos habitantes da colônia. A festa durou três dias seguidos e foi um grande ato de ação de graças, pois sem a ajuda dos Nativos os Pilgrims não teriam sobrevivido na América.” (Fonte: Luciana Levy)
Séculos depois, a tradição do Thanksgiving de recordar as origens e dar ações de graças pelo o que se foi vivido no ano anterior continua forte na cultura americana. E nesse feriado em meio aos familiares e aos amigos um bom tempo é tirado para fazer algo que deveria ser hábito diário: agradecer. Um momento do ano onde milhões de pessoas param e se questionam: “pelo o que tenho a agradecer nesse ano?”. Isso não é lindo?
O poder da gratidão
Há 5 anos, eu vinha exausta de uma rotina de vida super assoberbada e passando estresses emocionais muito grandes. Enfrentava alguns problemas na minha vida pessoal e profissional. E quando as coisas iam mal, a minha linguagem era somente de reclamação e murmuração. Isso deixava o fardo mais pesado e difícil ainda.
Foi quando fui confrontada a refletir sobre a gratidão. A perceber o quão fácil é olhar apenas para o lado ruim. Me encontrei numa posição aonde as pequenas bênçãos que tinha todos os dias como água quente para um banho, refeição a poucos passos de mim, tecnologias com suas milhares de facilidades e acesso abundante ao conhecimento se tornaram triviais.
Já parou para pensar em quão privilegiados só por vivermos nesse momento da história humana? É muito fácil relevar esses benefícios como se fossem obrigação do cotidiano quando na verdade são privilégios diários.
Fui, então, desafiada a mudar. Mudar o foco. Ver através do filtro das coisas boas. Aos poucos, fui aprendendo a linguagem da gratidão. A agradecer por cada pequeno presente da vida. Um dia de chuva, uma noite de descanso, uma aula dada, uma meta alcançada, uma bondade realizada, um sorriso, uma risada. E isso mudou completamente o meu mundo. Meu jeito de ver o mundo. E, consequentemente, meu jeito de lidar com as circunstâncias.
Gratidão não é sobre viver em fantasias ou ignorar os problemas. É sobre mudar o filtro e alterar o foco. Sobre enxergar as coisas boas que acontecem e reconhece-las. Dar mais valor às bênçãos do que as aflições.
Pesquisas nos âmbitos psicológicos e sociais comprovam que indivíduos gratos se mostram mais felizes, energéticos e otimistas. Também são mais prestativos, simpáticos, dispostos a perdoar e combatem com mais facilidade a depressão e a angústia, estando menos sujeitos a transtornos psíquicos.
Além disso, para minha surpresa, até a ciência se rendeu: já existem estudos científicos mostrando a relação da gratidão para o bem fisiológico. Como uma pesquisa que foi realizada com pacientes com doenças cardiovasculares na University of California, em San Diego. Seu objetivo era estudar se a prática de agradecer pode desacelerar a progressão das doenças do coração e o desenvolvimento de sintomas bem como melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Ela mostrou que parte dos pacientes que participaram de um programa de 8 semanas de gratidão intencional apresentaram redução nos marcadores biológicos de inflamação e aumento da variabilidade do ritmo cardíaco controlado pelo sistema parassimpático desempenhando papel de proteção do coração. Essa pesquisa abriu as portas para entender um pouco mais sobre o efeito benéfico da gratidão no corpo humano.
Desafio: exercite a gratidão e busque um coração agradecido
Experimente fazer da gratidão um exercício. Reserve um momento do seu dia para lembrar de todas bênçãos que te aconteceram no dia, na semana, no ano. Comece com 3, depois aumente para 5 ou o máximo que você conseguir. Lembre e anote cada uma delas. Pode ser no bloco de notas do celular, num caderninho ou, se você for apaixonado por DIY, em lugares mais elaborados como pote da gratidão ou painel à giz – use e abuse do Pinterest para ideias.
Com o tempo, você vai perceber a quantidade de coisas que você pode agradecer todos os dias. Vai sentir o bem que gratidão faz para o corpo, para a mente, para a alma e para o espírito.
Agradecer é algo simples e profundamente transformador.
Pelo que você tem a agradecer?
Referências
- Redwine LS, Henry BL, Pung MA, Wilson K, Chinh K, Knight B, Jain S, Rutledge T, Greenberg B, Maisel A, Mills PJ. Pilot Randomized Study of a Gratitude Journaling Intervention on Heart Rate Variability and Inflammatory Biomarkers in Patients With Stage B Heart Failure. Psychosom Med. 2016 Jul-Aug;78(6):667-76. doi: 10.1097/PSY.0000000000000316. PubMed PMID: 27187845; PubMed Central PMCID: PMC4927423. [+]
- Emmons, R. A., & Shelton, C. M. (2002). Gratitude and the science of positive psychology. In C. R. Snyder & S. J. Lopez (Eds.), Handbook of positive psychology (pp. 459-471). New York: Oxford University Press. [+]
Texto redigido por Cláudia Torquato e sua equipe.